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terça-feira, 16 de maio de 2017

"A Filha Estrangeira" de Najat El Hachmi

      Relato íntimo de uma menina/mulher que cresceu fora do seu país de origem (Marrocos) porque sua mãe partiu para uma região no interior da Catalunha à procura do seu pai que, entretanto, tinha deixado de dar notícias quando para lá emigrou. Conseguiram sobreviver as duas, sozinhas, com muitas dificuldades económicas sendo que viveu sempre para esse amor, para essa mãe que trabalhava arduamente para a conseguir sustentar. Isso foi determinante nas suas decisões. De tal forma que se deixou anular para seguir os passos que esperavam que ela tomasse, aquilo que era a tradição do seu país.
      Cresceu, assim, noutro país e apreendeu uma nova língua com outros significados culturais e, mais do que isso, outros costumes. Na escola era uma das melhores alunas. Inteligente, a leitura dava-lhe um prazer imenso, tanto mais que muitos divertimentos estavam-lhe interditos... O choque cultural, naturalmente, não se fez esperar. Esmagar o que aprendeu, esconder os seus desejos para obedecer ao que a família esperava dela não seria fácil. De todo. Como se apaga o nosso "eu"?
      Escrito na primeira pessoa, este relado é de tal forma íntimo, revelador dos sentimentos vividos por essa menina/mulher marroquina, que alguns aspectos deixam de ter importância. Por exemplo, agora que cheguei ao fim desta leitura e que escrevo estas páginas, dou-me conta que não fixei o nome da personagem principal. Tão pouco me lembro de o ter visto escrito. E, no entanto, ela está tão bem caracterizada que, de imediato, ficamos cativos das suas palavras, do seu sentir. Que importa, portanto, o seu nome? Ele traduz, de forma inequívoca, o rosto de tantas meninas/mulheres que crescem e assimilam os costumes de um país mas que são condicionadas pelos costumes de seu país de origem.
      Na contracapa está uma frase que, para mim, define espectacularmente este livro e com a qual concordo em absoluto: "um livro que fica connosco". Muito para lá do terminus da sua leitura, o leitor fica a pensar na situação que é retratada porque reflete uma realidade muito atual. Recomendo vivamente!

Terminado em 12 de Maio de 2017

Estrelas: 6*

Sinopse
Uma rapariga nascida em Marrocos e criada numa cidade interior da Catalunha aproxima-se da idade adulta. À rebeldia característica da juventude, ela terá de acrescentar um dilema: sair do seu mundo de emigrante ou permanecer nele. Um romance íntimo e honesto sobre a transição para a idade adulta, escrito em forma de monólogo interior, repleto de observações, histórias e memórias da terra natal da narradora, uma jovem viva e inteligente, apaixonada pela literatura e pela filosofia, completamente diferente do mundo iletrado e tradicional da mãe. Acessível, por vezes engraçado, mas sempre íntimo e repleto de observações e pensamentos pertinentes. Um livro que fica connosco.

Cris

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